NOTÍCIAS
21 DE MARçO DE 2022
Registro de criança com dupla maternidade é feito no Piauí com uma das mães em cárcere
No Piauí, um casal de mulheres conseguiu registrar a filha com dupla maternidade, mesmo uma das mães estando reclusa no sistema prisional. A primeira tentativa de seguir com o procedimento em cartório havia sido negada e, por isso, o caso contou com a atuação da Defensoria Pública do Estado do Piauí – DPE-PI, em ação do Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais – CONDEGE voltada ao combate ao sub-registro no Estado.
A mãe biológica da criança havia prometido a si mesma que somente registraria a filha com o nome de sua companheira na certidão de nascimento. Foi nesse relacionamento, afinal, que a mulher e a criança receberam amor, carinho e proteção, com a convivência plena durante o período gestacional.
Apenas algumas semanas antes do parto, a mãe socioafetiva foi levada ao cárcere. Contudo, a distância não impediu o convívio familiar, tampouco o afeto. A convivência foi estabelecida em breves visitas na penitenciária, ainda durante a gestação, além dos encontros virtuais com a filha recém-nascida.
Provimentos do CNJ permitem registro
O caso teve a atuação da defensora pública Sheila de Andrade Ferreira, diretora cível da DPE-PI e membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM, acompanhada da voluntária Isabelly de Castro Machado da Silva. Sheila explica que foi feita a requisição ao cartório competente com a documentação necessária para evitar a negativa. Até então, a criança só tinha a Declaração de Nascido Vivo – DNV.
“Com a DNV, a mãe tentou registrar a criança com o nome da mãe socioafetiva. Mesmo com a alegação do Provimento 63/2017, alterado pelo Provimento 83/2019 do Conselho Nacional de Justiça – CNJ, o cartório se recusou porque, supostamente, não haveria prova da convivência”, detalha Sheila. Segundo ela, os regramentos citados dão conta da questão, dispensando inclusive a comprovação de como ocorreu a fecundação.
Encarceramento não é empecilho para reconhecimento parental
A defensora pública diz que é “de suma importância reconhecer que o encarceramento não pode servir como empecilho ao reconhecimento parental, sob pena de representar grave afronta aos direitos fundamentais do ser humano e ao melhor interesse da criança e do adolescente, restringindo sua própria identidade enquanto ser e cidadão”.
A dificuldade de levar projetos de atendimento cíveis nas unidades prisionais do Piauí tem sido superada por meio da iniciativa “Construindo Ponte de Acesso à Justiça”, com a inclusão desses indivíduos a todos os ramos do Direito. Assim, têm-se permitido as visitas virtuais em meio à pandemia da Covid-19, entre outras ações que visam a ressocialização.
Marco na socioafetividade no Piauí
Para Sheila Andrade, que também é presidente da Comissão de Direito Homoafetivo e Gênero do IBDFAM-PI, o reconhecimento serve como marco na história da socioafetividade no Piauí, já que não há notícia de casos semelhantes anteriores. Ela diz que a decisão pode servir de incentivo para que mais pessoas busquem o reconhecimento da parentalidade, biológica ou socioafetiva, combatendo o sub-registro.
“Que o precedente sirva também de bomba propulsora de inovações jurisprudenciais e legislativas a fim de abranger todas as famílias, convencionais ou formadas pelas individualidades e peculiaridades próprias do ser humano, livre para amar e ser amado sem a imposição de regras estatais que interfiram em sua liberdade no seio familiar.”
Fonte: Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM)
Outras Notícias
Anoreg RS
17 DE MAIO DE 2022
Informativo de Jurisprudência destaca cédula de crédito rural hipotecária
É sabido que no seguro firmado pela modalidade prestamista, a instituição concedente do crédito, que figurará...
Anoreg RS
17 DE MAIO DE 2022
Informativo de Jurisprudência do STJ destaca adjudicação compulsória de imóvel
A legislação de regência foi promulgada com o intuito de se atribuir segurança jurídica a uma situação...
Anoreg RS
17 DE MAIO DE 2022
Negado usucapião de imóveis localizados no Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS)
Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) negou recurso em ação de usucapião de homem que diz ter comprado...
Anoreg RS
16 DE MAIO DE 2022
Artigo – Como ficam os modelos negociais entre terrenista e empreendedor no loteamento a partir do programa casa verde amarela
O proprietário do terreno, usualmente denominado terrenista e o empreendedor, podem ou não, realizar em conjunto...
Anoreg RS
16 DE MAIO DE 2022
Artigo – Constrição sobre bens de capital essenciais e exigência de taxa de ocupação
A Lei de Recuperação de Empresas e Falência (Lei 11.101/05) determinou que o credor fiduciário não se...